segunda-feira, 25 de maio de 2009

27/04/09 San Francisco – Uruguaiana 610 Km (dois abastecimentos)




No dia seguinte fui em uma loja da Honda muito próxima ao hotel, mas infelizmente não consegui obter um pneu próprio para CB 500: tive que instalar um pneu de Twister, de perfil mais baixo, que encurtou a relação de marchas, tornando a moto mais lenta e mais beberrona.

Após arrumar a moto, o dono do hotel perguntou-me sobre os ‘destroços” que eu deixara em seu hotel: que incluía um pequeno capacete “coquinho” que sempre levo em viagens para emergências.

Pedi-lhe desculpas por ter realmente esquecido de avisá-lo que tudo aquilo era um material descartado por conta da destruição do alforje, mas naquela altura o dono do hotel já se tornara um amigo e perguntou-me com admiração como tinham sido minhas peripécias até então.

Esse seria o último trecho na Argentina, pois realmente já estava cansado de minha condição de “gringo” bem como dos meus esforços com o espanhol. Ademais, a minha carta verde expiraria em apenas três dias.

Seria um trecho relativamente longo e que seria cansativo, pois passaria dentro das grandes cidades de Santa Fé e Paraná e seguiria uma longa reta em local inóspito na província de Entre Rios até a fronteira com o Brasil.

Tentei fazer este trecho totalmente à luz do dia, mas não foi possível, pois minhas estimativas de distância falharam. Mantive um ritmo pesado com poucas paradas, contudo, o novo pneu era irritante, pois a moto ficou com o motor travado e consequentemente mais barulhenta e lenta. Acabei encontrando uma faixa de rotação entre 6250 e 6500 RPM que permitia um bom aproveitamento do motor com boa velocidade de cruzeiro, porém, quando eu “torcia o cabo” o motor facilmente alcançava os 9.500 RPM: quase o limite do CDI da CB 500.

Em um posto de gasolina próximo à cidade de Federal, encontrei um grupo de caminhoneiros brasileiros que cruzaram comigo na estrada quando os ultrapassei a mais de 170 Km/h: de quando em quando eu acelerava forte para quebrar a monotonia das muitas horas necessárias para cruzar as intermináveis retas argentinas; isso servia para dar uma injeção de adrenalina e evitar o cansaço e a desatenção.

Caminhoneiros brasileiros, sobretudo do Sul do Brasil, são comuns na Argentina e boa parte deles fala muito bem o espanhol.

Aqueles caminhoneiros também tinham vindo por Mendoza e estavam irritados com os policiais argentinos que tinham aplicado uma multa pesada em um deles. Ficaram admirados com a minha viagem e com a velocidade com que os ultrapassei.

Logo em seguida ficamos presos em mais uma chata “manifestação” que fechou a estrada. Os argentinos têm essa mania em fechar as estradas para exporem suas reivindicações. Segundo os caminhoneiros era bom não forçar a passagem, pois eles agridem com porretes e jogam “miguelitos” na estrada para furarem os pneus dos mais afoitos.

A noite caiu na estrada próxima à fronteira, os caminhoneiros disseram-me que tomasse cuidado por ali (incluindo o risco de assaltos), e acabei ficando tenso, pois a estrada era mal sinalizada e mal conservada (com muitos insetos...), com longos desvios para obras em pista de terra. Além disso, o tanque de gasolina estava quase seco, pois minha tensão fez-me esquecer de abastecer a moto em solo argentino com gasolina boa e barata.

Cheguei à aduana por volta das vinte e uma horas, felizmente, o trâmite foi rápido, fiz um câmbio honesto com os 227 pesos que me restavam e meti-me no Hotel River Plaza ao lado da aduana, no qual estivera hospedado na viagem de ida.

Brasil! Ë uma experiência muito agradável voltarmos à nossa terra após um longo período em terra estrangeira.

Estava em Uruguaiana novamente, cidade com fama de ser um pouco violenta, contudo, lá estava eu de volta à minha terra!

No hotel, o pessoal logo me reconheceu e após as costumeiras explicações sobre a viagem e “prestações de contas” à esposa por telefone, eu dei vazão ao irreprimível trinômio banho-pizza-cama!

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