segunda-feira, 25 de maio de 2009

Norte do Chile.





















































































































































































































































































O Deserto do Atacama e os Altiplanos eram, sem dúvida, os grandes atrativos dessa viagem. O Sul do Chile é muito bonito, tem uma paisagem européia com picos nevados e lagos, mas os Altiplanos e o Deserto são paisagens realmente únicas.

Há muitos anos eu via as fotos em revistas e sites e acompanhava os relatos de outros viajantes sobre essa região única da América do Sul e sempre tive a vontade em efetuar uma viagem de moto para essa região, contudo, conforme relatei, seria praticamente impossível fazer essa viagem de moto com minha mulher: que também queria muito conhecer essa região.

Chegamos ao aeroporto de Calama e ainda tentamos alugar um carro, contudo, inexplicavelmente, todas as companhias estavam com seus guichês fechados, exceto uma delas, cujo funcionário se recusou em nos atender. Sem entendermos muito o porquê da recusa, pegamos logo um transfer para São Pedro de Atacama que fica a cerca 70 Km de Calama.

São Pedro de Atacama é uma pequena cidade no meio do Deserto de Atacama; uma espécie de oásis que fora antes um mero entreposto comercial no comércio do gado vindo da Argentina. Hoje em dia a cidade vive do turismo; em suas pequenas e charmosas ruas turistas de todas as partes do mundo circulam, ouve-se alemão, francês, inglês em todos os bares e restaurantes. Por conta disso, o inglês e tão praticado na cidade quanto o espanhol (portunhol no meu caso).

Os hotéis são simples em sua maioria, com construções rústicas de adobe, mas nem por isso são baratos, pelo contrário, dificilmente se encontra um hotel com banheiro privativo e sem aquecimento ou TV, por menos de sessenta dólares.

A cidade é repleta de agências de turismo que exploram toda a região, incluindo a Bolívia: cuja fronteira fica cerca de 50 Km. da cidade.

Logo que chegamos contratamos uma excursão para as lagunas altiplânicas, um conjunto de lagunas em três lugares diferentes.

As lagunas, belíssimas, ficam em altitudes superiores a quatro mil metros e foi a maior altitude que eu ficara exposto até então em ambientes não pressurizados, por isso, de quando em quando era possível sentir os efeitos do ar rarefeito. Durante o dia a temperatura é amena, mas com muito vento, contudo, o sol é forte, pois a região está acima do Trópico de Capricórnio. Nesse dia visitamos também a Salar de Atacama que fica a 2500 metros de altitude e é habitada por diversas espécies de aves, inclusive três espécies de flamingos.

A estrada que dá acesso aos altiplanos é impressionante, o Vulcão Licancabur domina a paisagem e é possível também observar o Vulcão Lascar em atividade fumegando. A estrada começa a cerca de dois mil e quinhentos metros de altitude (altitude de São Pedro de Atacama) e atinge, abruptamente, mais de quatro mil metros.

À noite eu senti dores de cabeça devido às mudanças de altitude e pressão atmosférica, mas nada que um bom analgésico não resolvesse.

Após pesquisarmos várias agências de turismo, visitamos no dia seguinte a Laguna Verde e a Laguna Blanca na Bolívia, que nos obrigou a fazer os devidos trâmites na aduana. Atingimos a maior altitude neste dia, pois a estrada que dá acesso à fronteira da Bolívia e Argentina atinge mais de quatro mil e seiscentos metros de altitude.

Em nosso terceiro dia visitamos ainda os gélidos Geisers Del Tatio (que devem ser visitados antes da alvorada) com uma temperatura próxima a dez graus negativos; depois visitamos o belíssimo Vale de La Luna e à noite ainda fizemos uma visita em um observatório astronômico mantido por um francês simpático e muito engraçado: O Deserto do Atacama é considerado o melhor lugar do mundo para se observar as estrelas.

Em nosso último dia em São Pedro de Atacama ainda estávamos muito cansados com a implacável maratona do dia anterior, quando acordamos as quatro da manhã e fomos dormir as três da manhã! Contudo, minha mulher e eu batemos o martelo e optamos por seguir viagem em direção ao Litoral Norte do Chile.

Estávamos em dúvida se visitaríamos a Salar de Tara nos Altiplanos ou se iríamos conhecer o famoso monumento natural de La Portada em Antofagasta no litoral. Optamos por esse último.

Tentaríamos ainda fazer nossa última tentativa em alugar um carro em Calama, a fim de rodarmos pela parte litorânea do deserto com mais liberdade.

Calama é uma cidade voltada para mineração em pleno deserto, onde se situa a maior mina de cobre de mundo, que é também a maior área de exploração aberta mineral do planeta: a mina de Chuquimata.

Calama é uma cidade feia, sem atrativos e logo que descemos do ônibus ficamos arrependidos de termos tido a péssima idéia em pararmos ali.

Os serviços eram ruins, até para se pegar um taxi era difícil. Tivemos que andar alguns trechos a pé para encontrar locadoras de automóveis, sequer conseguimos encontrar praças para podermos descansar e pensarmos em alguma solução. Por sorte, eu havia colocado as malas em custódia na rodoviária.

Foi extremamente irritante constatar que as locadoras de veículos na cidade somente alugavam veículos 4x4 ou no mínimo picapes, por valores superiores a cento e cinquenta dólares. Nossa idéia era apenas rodarmos pela Rodovia Panamericana próximo ao litoral e, portanto, não precisávamos de um Humvee para fazer isso!

Assim, tivemos que pegar novamente um ônibus em direção a Antofagasta, pois nosso vôo estava marcado somente para às vinte e uma horas do dia seguinte e, de fato, nós não estávamos dispostos a ficarmos mais de 24 horas naquela cidade horrível.

Chegamos em Antofagasta à noite e com a ajuda das informações do nosso livro guia turístico, seguimos para um hotel no centro da cidade de taxi.

Antofagasta é a maior cidade do norte do Chile e constitui-se em um porto chileno importante, porém, é uma cidade um tanto diferentes das demais então visitadas, pois se trata de uma cidade mais suja e com um trânsito mais agressivo; basicamente aproveitamos para dormir cedo e descansarmos daquele dia desagradável.

No dia seguinte seguimos de taxi à La Portada e, felizmente, pudemos constatar que nossos sacrifícios no dia anterior valeram a pena; fizemos belíssimos registros fotográficos daquele formidável monumento natural que fica a pouco mais de quinze quilômetros do centro da cidade de Antofagasta.

Almoçamos e seguimos viagem para a problemática (ao menos para nós) cidade de Calama; onde embarcaríamos em nosso vôo para Santiago, pois no dia seguinte minha mulher embarcaria para o Rio de Janeiro e eu reiniciaria minha aventura intercontinental.

Chegamos ao Hotel Providência (onde a minha moto estava guardada) por volta das duas horas da manhã, cansados mais felizes pela fantástica viagem que havíamos feito de Sul a Norte do Chile.

Às nove horas da manhã estávamos de pé para efetuarmos a complexa separação e arrumação de nossa bagagem.

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