segunda-feira, 25 de maio de 2009

Dia 25/04/2009, Uspallata- Villa Mercedes, 630 Km (dois abastecimentos).




































































Acordei em uma bela e fria manhã em Uspallata, tomei o café servido pela mulher do Pepe (o simpático velhinho) que correu para desligar a calefação de 20 pesos (devia mesmo valer ouro...) e iniciei o ritual diário de arrumação da bagagem na moto.

Notei que aquele hotel recebera outros motociclistas brasileiros, pois havia alguns adesivos de motoclubes. A mulher do velhinho dissera-me que o hotel recebera um grupo de dezesseis motociclistas brasileiros e, em outra ocasião, uma dupla vinda do Maranhão.

Neste dia resolvi retornar à Cordilheira e fotografar o Aconcágua e outros locais, afinal, estava ali para curtir aquele mágico momento de liberdade na Cordilheira dos Andes.

A altitude dificultou um pouco a partida na moto. Como a mistura ar-combustível fica “rica” em altitudes elevadas, aumentei a marcha lenta e não usei o afogador. Deu certo, e novamente estava pilotando na Cordilheira dos Andes acima dos 2.000 metros.

Passei novamente pelos gendarmes que já me conheciam de véspera e fizeram umas brincadeiras comigo, uma bela gendarme morena mostrou-se curiosa e admirada com a minha viagem solitária, perguntando-me em quantos dias ainda duraria minha viagem até o Rio de Janeiro, como eu enfrentava o frio, chuva etc. Parei no acostamento para satisfazer a curiosidade dela.

Neste dia tirei a maior parte das fotos da Cordilheira, pois na véspera a chegada da noite impediu-me de fazer os registros dessa fantástica estrada sul-americana.

A Ruta 07 atinge 3.200 metros no trecho entre Uspallata e Los Andes (no Chile) e passa por uma espécie de altiplano extremamente seco por onde flui o Rio Mendoza: que é alimentado pelo degelo da Cordilheira.

Além disso, há o parque provincial do Aconcágua: o ponto culminante de todas as Américas, e algumas outras atrações com a Ponte dos Incas (que não foi feita pelos Incas e sim pela natureza).

Estava bastante frio e meus lábios já estavam bastante queimados, mas ao longo da manhã a temperatura foi aumentando.

Após a sessão de fotos ao longo de mais cem quilômetros de estrada, retomei a viagem abastecendo em Uspallata, pegando dinheiro no banco e seguindo em direção à Mendoza.

A idéia inicial seria seguir para as belas Serras Cordobezas, contudo, havia assumido um compromisso com a minha mulher e família em retornar ao Rio em 1º de maio; ademais, naquele momento estava acontecendo o Rali Dakar-Argentina em Córdoba e temi por interrupções nas estradas. Quem sabe em outra oportunidade conhecerei essa região da Argentina.

Com as curvas cordobezas dispensadas eu retornei às intermináveis retas argentinas.

Neste dia eu pegaria dois trechos longos de auto-pistas e um pequeno trecho de pista simples, pretendia dormir em Rio Cuarto , mas acabei dormindo em Villa Mercedes, após uma manifestação contra a proibição de caça na região que bloqueou a estrada no inicio da noite.

Nesse trecho longo, totalmente reto, vazio e bem pavimentado atingi velocidades bem altas, muitas vezes beirando os 180 Km/h. O ritmo foi pesado e permaneci boa parte da viagem abaixado no tanque da moto para evitar a radical pressão do vento.

Villa Mercedes é uma cidade de porte médio e tive alguma dificuldade em encontrar um hotel.

Perguntei sobre um hotel para um argentino em um posto de gasolina e ele tentou um inglês ruim, muito inferior ao meu e ao mesmo tempo pedante; arrisquei um portunhol, pois achei que seria mais simpático, afinal sou um brasileiro e não um alemão e não havia necessidade de inglês. Mas ele insistiu no seu “bad English” e ficou furioso quando eu perguntei se a “garota” que nos acenava à distância era sua filha... não era... era seu “bambino”, disse-me ele visivelmente contrariado...

Minha gafe teve um preço, pois o ‘poliglota” de Villa Mercedes deu-me propositalmente uma informação errada! Rodei inutilmente pela cidade e acabei encontrando um hotel graças às informações de outros argentinos mais simpáticos e decentes: como de regra sempre o foram comigo nessa viagem.

Hospedei-me no Hotel Lincoln e o simpático proprietário (Eduardo) recebeu-me com muito calor humano. Pedi uma pizza no quarto e após um banho meti-me na cama para dormir o sono dos justos!

4 comentários:

  1. tenho muita vontade de realizar esta aventura , porém algumas coisa me preocupam como o sol muito forte no rosto principalmente junto com o vento podem queimar e a falta de postos de gasolina pois a nossa moto anda tranquila apenas uns 250 km..... que você me diz???
    jaque rio do sul sc

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  2. Jaque, é um prazer tê-la aqui no Blog.

    A viagem é dura. Usar capacete fechado é essencial, bem como uma bota confortável e uma boa jaqueta de couro (que prefiro) ou cordura. Meu rosto e lábios ficaram queimados por conta do frio na Cordilheira, mas isso ocorreu por que eu me expôs ao frio da noite (que fica próximo a zero grau).

    A CB 500 tem uma autonomia (com tocada agressiva) de pouco mais de 250 KM. Se você seguir a rota que fiz por Uruguaiana, Santa Fé, San Francisco, Mendoza e Santiago não precisa se preocupar se com combustível, raramente faltam opções de abastecimentos por mais de 200 Km.

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  3. em relação ao combustivel de Santiago a San Pedro de Atacama como fica a distância dos postos de combustivel pois já´vi comentarios de outras pessoas que viajam com tambor reserva será que é necessario nestes lugares (Santiago a Atacama)

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  4. A rota mais curta para San Pedro de Atacama é pela estrada que vai por Salta até o Passo de Jama, eu não foi por essa rota, e sim por Mendoza e Santiago, passando por Santa Fé e San Luiz.

    Pelo que eu soube há um posto agora no Passo de Jama (antes era mais complicado), contudo, há diversos relatos sobre o calor extremo em alguns trechos dessa estrada antes de Salta e tambem casos mais comuns de corrupção da polícia nessa região.

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