terça-feira, 26 de maio de 2009

Registro – Rio de Janeiro, 675 Km (4 abastecimentos).

Finalmente eu estava na etapa final da viagem. Embora o trecho nesse dia fosse tão longo quanto o trecho anterior; ele seria, contudo, realizado totalmente em estradas duplicadas e privatizadas. O problema é que o novo pneu traseiro limitaria muito o desempenho da moto nessas estradas abertas.

Ao amanhecer, constatei que o tempo estava instável, chovera à noite e seguramente pegaria chuva na estrada.

Após o café da manhã e do ritual de arrumação da moto, parti para estrada por volta das dez horas. Não vesti a capa de chuva, pois além dela ser uma porcaria, pareceu-me não haver risco de chuva forte, afinal, nesta etapa não estava muito preocupado em ficar um pouco molhado, porque eu sabia que no Rio o tempo estava bom, portanto, chegaria seco em casa.

O que me preocupava era o fato de viajar em um feriadão. A dolorosa experiência na Argentina na semana santa não fora esquecida. Em dias assim, com feriado nacional, as estradas ficam repletas de idiotas imprudentes e motoristas domingueiros inexperientes, que somados aos idiotas habituais criam as tristes estatísticas de trânsito que conhecemos.

Logo no início da viagem na Regis Bittencourt a chuva aparecia de quando em quando, às vezes um pouco mais forte, contudo, em um trecho de subida o trânsito ficou totalmente engarrafado por conta de um acidente em uma carreta (que estava sendo saqueada...), além do excesso de veículos em ambas as direções da rodovia. Nesse trecho, a chuva ficou mais forte, mas segui assim mesmo sem capa de chuva. Durante o trajeto um motorista domingueiro me deu uma fechada muito perigosa, mas adotando direção defensiva pude frear com segurança.

Mais próximo à São Paulo o tempo melhorou e o vento se encarregou de secar minha calça jeans e a jaqueta de couro, aproveitei para almoçar em uma churrascaria e abastecer pela segunda vez.

Errei a entrada do rodoanel, pois não havia sinalização para entrar na Via Dutra e tive que entrar dentro de São Paulo até a Marginal Pinheiros; dali segui para excelente Rodovia Carvalho Pinto, onde fui parado pela PM de SP. Essa rodovia estava cheia por conta dos paulistas que se dirigiam ao litoral norte de SP e ganhei uma nova fechada de um domingueiro que ainda se achou ofendido no seu inalienável direito em mudar de faixa repentinamente sem olhar no retrovisor e sem acionar a seta! Em suma, um idiota!

Novamente errei a saída da Carvalho Pinto (dessa vez por desatenção) e tive que entrar em Taubaté para finalmente alcançar a Via Dutra.

Na Via Dutra próximo a Taubaté abasteci em um posto que fornece gasolina Podium da BR: uma raridade na Via Dutra.

Na velha conhecida Via Dutra o trânsito estava normal e sem retenções e, como sempre, repleta de caminhões que chateiam muito quando decidem fazer ultrapassagens em câmera-lenta a 82 Km/h os outros caminhões que estão a 80 Km/h...

Após cruzar a divisa do Rio de Janeiro às dezenove horas, parei próximo à Barra Mansa para o abastecimento final antes de descer a Serra das Araras, pois não pretendia abastecer nos perigosos trechos próximos à periferia do Rio à noite.

Logo que saí da Via Dutra e entrei na Linha Vermelha um violento temporal começou. Chuva boa, do tipo que molha totalmente a cueca! E o pior é que eu estava sem capa e sem qualquer possibilidade de parar na perigosíssima Linha Vermelha, bem conhecida pelos assaltos e latrocínios, para vesti-la.

Tive de pilotar naquele violento temporal com baixa visibilidade, que já dava sinais de inundação em alguns trechos da pista e fizeram alguns carros pararem; tendo concluído oficialmente a minha aventura coast to coast, totalmente ensopado, no dia 1º de maio às vinte e uma horas.

3 comentários:

  1. Alberto.
    Cara tua experiência me inspira profundamente, tenho uma Marauder VZ800 e de muito tempo programa uma grande viagem, pois os bate e voltas de final de semana não me satisazem mais. Estava com roteiro e programa pronto para ir a Ushuaya em Jan/2010, porém no meio do ano recebi com felicidade uma notícia que me fez adiar a missão, em janeiro chega minha quarta filhinha. Depois que ela crescer um pouco eu me mando para a estrada. Parabéns pelo teu glorioso relato que li e reli várias vezes. Nós motociclistas com poeira e estrada nas veias só temos a te agradecer por tão rico relato. Um grande abraço Dante Trindade Ijuí/RS

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olá Dante,

    Parabéns pela sua filhinha! Não há dúvida que sua jornada pode esperar um pouco mais, até porque sua jornada à Ushuaya será um relato de realização e superação para ser contada para seus netos!
    Viagens assim nos transformam, e nos dão uma nova perspectiva de nós mesmos.
    Tem sido dito que é nas batalhas, tempestades, escaladas e grandes desafios que os homens (e mulheres também) mostram sua verdadeira natureza.
    Sem dúvida, eu e você temos a mesma natureza daqueles que querem superar o lugar comum do dia a dia!
    Fico aqui na torcida por sua viagem, e qualquer coisa faça contato pelo meu email: albliberal@gmail.com
    Forte abraço, muita luz e fique com Deus.

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